45 suplentes ficarão no cargo por um mês ao custo de R$ 5 milhões; só um continuará no cargo em fevereiro
Mesmo com o Congresso em recesso neste mês, eles receberão salários e outros benefícios que somam R$ 107 mil
A Câmara dos Deputados dará posse a um total de 45 suplentes para exercer um mandato-tampão nas férias legislativas deste mês.
Na lista dos que assumirão o posto -que dá direito a todas as verbas e salários dos titulares- estão quatro políticos que são réus na Justiça sob a acusação de integrar o escândalo do mensalão ou a máfia dos sanguessugas.
Os suplentes estão sendo convocados devido à renúncia ou afastamento de 45 titulares -a maioria deixou a Casa em 31 de dezembro para assumir secretarias nos novos governos estaduais- sob o custo de R$ 5 bilhões.
A tarefa principal dos "deputados de verão" é concluir o mandato deixado pelos que se afastaram, que termina no dia 31. A partir de 1º de fevereiro, tomam posse os eleitos em outubro.
Na lista de benefícios que estarão à disposição dos suplentes estão a verba de R$ 60 mil para contratação de até 25 assessores; R$ 28,5 mil (em média) para montagem e manutenção de escritório nos Estados; R$ 3.000 de auxílio moradia; além do salário de R$ 16,5 mil -total de R$ 107 mil para cada.
No período, o Congresso está de recesso, ou seja, não haverá reuniões ou votações.
A convocação do suplente está prevista na Constituição.
Entre os que já assumiram o mandato-tampão estão os suplentes Edir Pedro de Oliveira (PTB-RS) e Íris Simões (PTB-PR), réus na Justiça Federal do Mato Grosso sob acusação de participação da máfia dos sanguessugas.
O esquema foi revelado em 2006 e consistia no desvio de recursos do Orçamento para a compra de ambulâncias superfaturadas.
Oliveira não foi localizado pela Folha. Já Simões disse que é inocente e que foi "massacrado pela mídia". Ele já assumiu o mandato em outra ocasião, por quatro meses, e disse que vai dar continuidade ao trabalho feito pelo seu antecessor, o deputado Ricardo Barros (PP-PR).
Na lista também está Celcita Pinheiro (MT), ré sob a mesma acusação, e Romeu Queiroz (MG), réu no processo do STF (Supremo Tribunal Federal) que investiga o escândalo do mensalão. Os dois não foram localizados.
Jairo Carneiro (PP-BA) -que ocupará a vaga deixada por Mário Negromonte (PP-BA), o novo ministro das Cidades-, afirmou que cumpre "o rito constitucional" e disse que irá percorrer os ministérios em janeiro para pedir a liberação de verbas para obras em seu reduto eleitoral, Feira de Santana.
O deputado João Batista Freire Viegas (PSDB-PB), que assumiu em 30 de dezembro no lugar de Rômulo Gouveia (PSDB-PB), afirma já ter trocado metade dos assessores do antigo gabinete, com a alegação de que precisa de gente de confiança.
"Amanhã [hoje] mesmo já estarei em Brasília, fazendo visitas aos ministérios com o intuito de trazer recursos para o meu Estado", disse.
O novo deputado alega que precisa de todos os benefícios. "Vou para a capital de avião ficarei em hotéis, por isso preciso dos recursos."
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