SP: servidores públicos ganham salário mínimo, enquanto os deputados recebem mais de R$ 12 mil

Em 30 de agosto, iniciaram-se as inscrições para o concurso público da Fundação florestal, vinculada ao governo paulista, oferecendo salários de R$ 510 (1 salário mínimo) a R$1.733, conforme o nível de escolaridade. Os deputados estaduais do mesmo estado, São Paulo, têm direito a receber R$ 12.375 (mais de 24 salários), também em valores brutos.

A fundação, ligada à Secretaria do Meio Ambiente, vai remunerar com cerca de R$ 400 (em valores líquidos) profissionais como motorista e telefonista, dos quais se exige ensino fundamental completo. Mas não adianta ter curso superior para avançar na remuneração: cerca de R$ 1.400 (líquidos), pagáveis a contadores, agrônomos etc.

Será que um salário tão baixo vai valorizar o serviço público?

Os baixos salários oferecidos a quem será o futuro servidor público já foram ‘apresentados’ em dezembro de 2009, durante concurso do DER (Departamento de Estradas de Rodagem). Cabe ao DER ‘cuidar’ das rodovias paulistas que não são administradas por empresas privadas (aquelas que cobram tarifas nos pedágios).

Na época, o governo paulista oferecia remuneração bruta de R$ 619,31 a R$ 710 para as seguintes funções: auxiliar de laboratório, motorista, operador de máquinas rodoviárias, topógrafo e técnico de laboratório.

Remunerações desse nível também foram oferecidas no ano passado para os futuros servidores do Detran (Departamento Estadual de Trânsito), responsável, entre outras coisas, pelo sistema de emissão de carteiras de motorista. Nesse caso, é bom lembrar que o órgão só funciona em vários municípios (com os CIRETRANs) porque as prefeituras cedem servidores para desempenhar as funções.

Aparentemente, essa situação de disparidade não merece a atenção de quem ganha mais de R$ 12 mil – os deputados estaduais -, nem do próprio governo atual. Os parlamentares, é bom lembrar, nunca consultam os cidadãos para saber se devem reajustar os próprios salários. E pergunto: alguém já conheceu algum projeto na Assembléia que pretenda, pelo menos, congelar os atuais vencimentos do nosso servidor eleito?